“PARIS VIROU BAILE”
A frase acima é do atleta Alison dos Santos, conhecido como “Piu”, que conquistou a medalha de bronze na disputa dos 400 metros com barreiras.
As competições olímpicas de 2024 trouxeram emoções inéditas, mas também reflexões que merecem uma análise profunda sobre os rumos do nosso complexo e conflituoso globo chamado Terra.
O homem supera suas marcas e os limites parecem não ter fim.
O favoritismo esportivo é constantemente colocado à prova, numa ciranda de resultados cada vez mais surpreendentes.
Contudo, o glamour do ouro, da prata ou do bronze coloca um imenso universo de atletas igualmente vencedores longe dos pódios, ignorando enormes esforços de uma categoria não premiada e longe das câmeras e da mídia.
Vencer precisa de um novo significado, muito embora as nossas crenças sejam aquelas que nos foram transmitidas ao longo de gerações, onde os vencidos se equiparam ao fracasso e à tristeza.
Houve momentos maravilhosos nesta Olimpíada que significaram muito mais para mim, como modesto observador e eterno aprendiz, que me moveram a escrever esta simples crônica.
Esses momentos, de choro, tristeza e decepção, mostraram a superação aos olhos do mundo, onde o acerto e o erro são faces da mesma moeda, divergindo apenas em detalhes insignificantes ao olho humano, mas implacáveis à alta tecnologia e sofisticação de sensores e julgadores hoje existentes.
Um pequeno lapso de tempo, um movimento equivocado ou tardio separa “heróis” de “perdedores”, mas coloca uma grande quantidade de sacrifícios, renúncias, perdas, dores e lesões muito longe da realidade.
Neste contexto, muito mais que atléticos e feitos de carne e osso, há seres humanos que carecem de apoio, acolhimento e atenção, igualmente vencedores e igualmente heróis, que conquistam marcas imperceptíveis e reais, de luta persistente para sobreviver e superar, um dia de cada vez.
Já passou da hora de valorizar não apenas os pódios, mas também aqueles que fazem diferente, que inovam, que agregam valor, que mostram, com seus exemplos, que a linha de chegada não precisa ser apenas para alguns, mas para todos que, à sua maneira, persistem em ações do bem, da solidariedade e dos verdadeiros valores humanos. O mundo precisa de paz e de novos conceitos, de harmonia e de compaixão, de fraternidade e de equilíbrio, para que a dança da vida seja acessível a todos e para que o baile não seja apenas em Paris.
𝗖𝗹𝗮𝘂𝗱𝗶𝗼 𝗠𝗼𝘁𝘁𝗮
Comments